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“No começo eu era odiado por 99% da cidade”, diz Vanderic sobre sua atuação no trânsito em Anápolis

Em entrevista ao programa Papo de Garagem, o delegado afirmou que delegacia é rejeitada pois “ninguém quer cortar na própria carne”

Delegado da Polícia Civil (PC) desde 2009, Manoel Vanderic é um dos nomes mais conhecidos e respeitados de Anápolis. Nesta segunda-feira (14), em entrevista ao programa Papo de Garagem, falou sobre a responsabilidade e escolha de estar à frente de duas delegacias e um grupo especializado.

Segundo ele, as equipes precisam se desdobrar para atender o grande número de ocorrências em uma cidade de quase 400 mil habitantes e que, muitas vezes, esse trabalho não é reconhecido pela população e pelas instituições.

“Essa necessidade surgiu porque eu via que ninguém queria fazer o trânsito, porque todo mundo pratica o crime de trânsito, você não quer cortar na própria carne. Hoje, melhorou muito, porque fui inteligente de expor as vítimas, o que me sensibiliza é a história delas, então a sociedade precisa ver o porquê estou fazendo isso”, explicou.

Atualmente, além da Delegacia Especializada em Investigação de Crime de Trânsito de Anápolis (Dict), Vanderic está à frente da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso de Anápolis (Deai) e do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri).

“As delegacias funcionam no mesmo prédio e com a mesma equipe. A maioria das pessoas não tem noção de quão difícil é fazer isso, porque nenhuma é reconhecida, nem pela maioria da sociedade, nem pelas instituições, nem da qual eu participo”, afirmou durante a entrevista.

Um exemplo, citado por Vanderic, é a presença de apenas um agente e um escrivão para uma delegacia operacional como é a de trânsito, com uma demanda contínua, em uma cidade do porte de Anápolis.

De acordo com o delegado, usar as redes sociais a favor de causas que acredita tem surtido efeitos. “O que me convenceu foram as famílias. Então, quando elas começaram vir a público, a Michelle e outras pessoas, o povo passou a pensar, ‘opa, pera aí, o motorista bêbado é um bandido sim’”, disse.

Vanderic recorda do caso, no começo da carreira, onde um deputado estadual, que não teve o nome citado, se reuniu com os vereadores de Anápolis para ir até Goiânia falar com o governador da época. “Foram pedir minha cabeça”, relembrou.

“Ficou mais direto a consequência da embriaguez, hoje as pessoas reconhecem, mas no começo eu era odiado por 99% da cidade, as pessoas falavam ‘mas por quê? Você tem um trabalho reconhecido com o idoso’, porque é muito bonito cuidar de velhinhos”, concluiu.

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