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Conheça os três tipos de violência velada contra a mulher

Rebeca Romero

Se você é mulher e está lendo esse texto, certamente vai se identificar com algumas
coisas que vou explicar aqui. Mas, se você é homem, também é muito importante que
você leia até o final. Bom, então vamos ao que interessa. Não há dúvidas de que já
avançamos muito no que diz respeito ao combate à violência contra a mulher. Mas, é
preciso reconhecer que o machismos está tão enraizado na nossa sociedade que, por
vezes, vivenciamos ou presenciamos atos de violência contra a mulher e nem
percebemos. Você duvida? Calma, isso acontece, e muito mais do que você imagina.

Já ouviu falar de manterrupting, mansplaining ou gaslighting? É comum as pessoas
não saberem o que significam, e por isso, vou dedicar esse espaço para explicar melhor
sobre o assunto. Esses três termos em inglês se tratam de violência velada. Não
estamos falando de dor física, mas ela pode machucar da mesma forma, além de
deixar marcas profundas na nossa alma.

O manterrupting, por exemplo, é a junção da palavra em inglês “man” (homem) e
“interrupting” (interromper), literalmente: homem interrompendo uma mulher. Pode
ser um ato consciente ou inconsciente, mas independente disso, é grave. Isso porque,
por vezes, a mulher não consegue sequer concluir o seu raciocino durante um diálogo
que deveria, no mínimo, ser equilibrado.

Quer um exemplo na prática? Em 2016, durante a campanha eleitoral do Estados
Unidos, o atual presidente Donald Trump interrompeu a fala de sua adversária Hillary
Clinton 51 vezes enquanto ela explanava as suas ideias e propostas. Em contrapartida,
a candidata o interrompeu apenas 17 vezes. Quando isso acontece no nosso dia a dia,
muitas mulheres optam por reclusão e até deixam de expor suas opiniões em reuniões
de trabalho.

Já o mansplaining é a junção das palavras “man” (homem) e “explain” (explicar). Esse
termo é usado para definir quando um homem tenta explicar algo para uma mulher
assumindo que ela não entende sobre o assunto e sem que ela tenha pedido. Ou seja,
o homem está subestimando a inteligência da mulher em questão.
Para você ter noção de quanto isso é grave, muitas mulheres relatam que homens
dentro da universidade tentam explicar pesquisas feitas por elas mesmas. Ah, e isso                                também acontece quando um homem tenta explicar coisas óbvias para a mulher,
como se ela não entendesse sozinha.

Por fim, o gaslighting é uma forma de manipulação psicológica que leva a mulher a
crer que ela está louca, equivocada ou desequilibrada, quando na verdade ela tem
razão. Um dos principais sinais desse tipo de violência é o uso de frases como: “você
está louca”, “você deve estar de TPM”, “você está exagerando”, “a culpa é sua”, “você
devia se tratar”, “não sei do que você está falando” e até “pare com isso” (quando a
pessoa expressa o que está sentindo”. Esse tipo de fala coloca a vítima em choque com
a sua própria credibilidade.

Condutas como essas abalam a autoestima e a saúde mental de milhares de mulheres
todos os dias, no Brasil e no mundo. Por isso, precisamos estar atentas (os) para
identificar situações como essas para então ajudar e oferecer apoio àquela mulher que
precisa de força para sair da relação abusiva. Não é fácil, mas também não podemos
achar que isso é normal. Somos todos iguais e merecemos respeito.

REBECA ROMERO
Jornalista
@rebecaromerobr
contato@rebecaromero.com.br

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