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Perto dos 60 anos, Jonas Duarte guarda memórias para quem ama Galo, Rubra e GEA

Torcedores contam histórias que os fizeram se apaixonar pelos clubes e melhores momentos no principal estádio da cidade

Quem passa pela Avenida Brasil Sul, em Anápolis, já consegue ver as obras que vão completar o anel de arquibancadas do Estádio Jonas Duarte tomando forma. A expectativa é de que tudo esteja pronto no segundo semestre de 2024, de acordo com o cronograma da Prefeitura Municipal.

O fato é que em abril do próximo ano, um dos principais centros esportivos da cidade completa 59 anos e o que não faltam são momentos marcantes. Em homenagem a essa história, o DM ouviu torcedores dos três clubes profissionais que atuam no município: Anapolina, Anápolis e Grêmio Anápolis.

Carioca de nascimento, mas goiano de coração, o professor Vinicius Araújo chegou em Goiás há cerca de oito anos. Casado com uma anapolina, a qual toda família torce para a Rubra, acabou seguindo o caminho contrário e se tornou um dos principais apoiadores do Galo da Comarca.

O primeiro encontro de “Vince” ou “Vinição”, como é chamado na arquibancada, com o Tricolor foi justamente em um clássico contra a Xata, em 2016, na estreia do Goianão, ano em que a equipe ficou com o vice-campeonato.

“A família inteira da minha esposa é fanática pela Rubra, o avô foi um dos fundadores e presidentes da Anapolina e tem uma história de devoção com o time, incontestado e respeitado por todos que se envolvem com a família, menos pelo forasteiro aqui apaixonado por futebol”, conta.

“Fui ao estádio com meus cunhados [em 2016], todos torcedores da Rubra. Chegando lá me encantei com o time e a torcida que estava do outro lado da arquibancada, fazendo uma festa tremenda e vi esse time sair de campo vitorioso com o gol de Lucas Sotero logo no começo do jogo”, relembrou Vinicius.

Mas não acabou por ali, na rodada seguinte, contra o Vila Nova, o professor saiu de casa andando para ver o Tricolor jogar mais uma vez, desde então, não parou mais.

“Na época eu morava no Jundiaí e resolvi ir a pé para o estádio. Seguindo pela Avenida Minas Gerais um carro com torcedores do Anápolis passou e me ofereceu carona, colocou um ingresso e uma cerveja na minha mão e me contou histórias sobre o time de 95”, disse.

“A coisa não poderia ter começado melhor, chegando no estádio me encontrei mais uma vez com a torcida fazendo festa com sinalizadores e fogos, um senhorzinho de cabeça branca com um galo nas mãos, famílias inteiras que diziam “sou goiano, meu time também”. Acho que foi nesse dia, nas arquibancadas do Jonas Duarte, que eu descobri que também era goiano”, completou.

De lá pra cá, ele conta que foram muitos jogos e lembranças, além do trabalho pendurando faixas e tirantes. “Muita correria organizando a logística de entrada e saída da torcida, caravanas que me apresentaram vários cantos do Centro-Oeste e muito amor envolvendo o Estádio Jonas Duarte”, concluiu Vince.

Inusitado 

O principal palco do futebol goiano do interior também reúne histórias curiosas, como o que ficou conhecido como “jogo do cai-cai”. É o que lembra o torcedor da Anapolina Léo Castor, que desde 1986 acompanha a Xata de perto.

Ele se refere a partida contra o Tocantinópolis, válida pela última rodada do grupo A5 da Série D do Campeonato Brasileiro de 2011, na qual a Rubra precisava vencer por quatro gols de diferença para se classificar para as oitavas de final.

Porém, quando faltavam cerca de 20 minutos para o jogo ser encerrado e a equipe goiana vencia por 4 a 1, os jogadores rivais começaram a cair no campo e a partida precisou ser encerrada. Dias depois o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) anulou o duelo e suspendeu diversos jogadores do Tocantinópolis.

A partida foi remarcada, a Rubra goleou o time do Tocantins por 6 a 1 e avançou para a fase final. Para Léo e boa parte da torcida, esse jogo é inesquecível.

“Foi uma piada esse jogo, a bola não rolava, os jogadores do Tocantinópolis faziam cera, só ficavam no chão, não queriam jogo. Até os jogadores reservas, que entraram no segundo tempo, caíram no gramado”, conta.

“Nós torcedores ficamos nervosos porque a Anapolina precisa ganhar o jogo, mas a bola não rolava. Foi uma piada esse jogo”, concluiu.

Caçula 

Fundado em 1999 como Grêmio Esportivo Inhumense, de Inhumas, o atual Grêmio Anápolis se mudou para a maior cidade do interior do estado em 2005, com o intuito de ser um clube moderno e formador. Desde então, a equipe foi conquistando jovens torcedores, especialmente após o título de Campeão Goiano de 2021, principal conquista da cidade no século XXI.

João Vitor Lemes tem apenas 18 anos, mas desde os 15 acompanha a Raposa. Ele recorda a participação na Copa do Brasil de 2022 como um dos principais momentos do clube no Jonas Duarte.

“Todos os jogos eu chego antes com uma galera para colocar as faixas e pegar os instrumentos, o pré-jogo foi muito bom, todo o clima e recepção feita, o sentimento de estar na primeira vez em uma competição de grande porte foi muito especial”, ressaltou.

“Dava para buscar a vaga, mas depois, infelizmente, veio o sentimento da eliminação, precisávamos da vitória, com empate éramos eliminados. Mas pude entrar no vestiário naquela oportunidade, sentir o clima de um jogo importante, todo o clima envolvido foi muito especial”, continua.

Por outro lado, ele se recorda do rebaixamento no Goianão de 2023, diante do rival Anápolis, com uma das maiores dores que viveu no futebol. “Era um clássico que dependíamos apenas de nós, já que o resultado do outro jogo nos beneficiava”, destacou.

“No dia do jogo estávamos muito confiantes, lembro que a torcida e a diretoria do clube estavam juntas e confiantes para a permanência, mas iniciou o jogo, tomamos um gol no primeiro tempo e ficou um clima muito ruim, porque estávamos jogando mal demais e precisávamos da vitória”, continua.

“No segundo tempo, com um a mais em campo, nós empatamos, mas não foi o suficiente para evitar o rebaixamento, o estádio inteiro gritando ‘ão ão ão segunda divisão…’ foi muito duro passar por isso, até lembro de ter sentado na grade do estádio e chorar com aquele momento porque tínhamos esperança”, concluiu João Vitor.

Matéria: DM Anápolis

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