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Advogado de Victor Junqueira trabalha para sua libertação nos próximos dias

“E a grande mídia, à busca de audiência, divulgou aquelas imagens sem procurar inteirar-se do outro lado”, afirmou o advogado. Ele, entretanto, reconhece ter havido a agressão, tal qual foi veiculada.

O advogado Eugênio Lourenço Dias, que atua na defesa do piloto de avião Victor Augusto do Amaral Junqueira, preso sob acusação de descumprimento de medida protetiva dada em favor da advogada Luciana Sinzimbra, afirmou, em entrevista ao jornalista Jairo Mendes, da Rádio Manchester, que a sua atuação no caso tem como uma das finalidades mostrar “uma certeza de que o que está sendo feito pela grande mídia é um verdadeiro massacre à integridade de uma pessoa e, por consequência, levando de arrasto, toda uma família”, ressaltou o profissional, fazendo referência ao pai do acusado, o ex-Prefeito Eurípedes Junqueira que, conforme disse, tem uma folha de serviços prestados não só para Anápolis, mas para o Estado de Goiás.

O advogado pontuou que “ninguém quer ter uma filha agredida ou ter um filho agressor”, dizendo que nem sempre os filhos seguem as orientações dadas pelos pais e, na sua avaliação, nem por isso os pais podem ser responsabilizados por eventuais atos praticados pelos filhos. O defensor disse que, nos seus 30 anos de profissão, aprendeu que “ninguém agride ninguém por acaso” e, dentro dessa premissa, ele observou que as imagens – em que o seu cliente, Victor, aparece agredindo Luciana- não podem ser tomadas apenas por um lado. “Não podemos formar convicção sem que possamos abrir os dois lados”, frisou, observando que, no geral, as pessoas espalham apenas aquilo que vêem como apelo popular. “O menos favorecido não tem voz”, disse.

 

Advogado Eugênio Lourenço Dias

Ainda falando de uma maneira generalizada, mas fazendo correlação com o caso envolvendo Victor e Luciana, o advogado pontua que muitas pessoas viram as imagens, mas não sabem do teor completo delas, não descarando assim a possibilidade de ter ocorrido um direcionamento do material ou, até mesmo, a sua edição.

“E a grande mídia, à busca de audiência, divulgou aquelas imagens sem procurar inteirar-se do outro lado”, afirmou o advogado. Ele, entretanto, reconhece ter havido a agressão, tal qual foi veiculada. Segundo adiantou, a próxima audiência de instrução do processo deve ocorrer no dia 04 de março de 2020.

Habeas corpus

No momento, informou Eugênio Lourenço, todos os esforços estarão concentrados em devolver a liberdade a Victor e, no ano que vem, a meta é levar ao juízo “a veracidade dos fatos” que, conforme garantiu, deve demonstrar a inocência do rapaz.

“Aquilo que se tem ali [no vídeo] é um resultado de um crime, mas não se tem nada na fase inicial até chegar àquela conduta, que é uma conduta reprovável eticamente e moralmente”. Mas, conforme disse, há uma diferença entre repudiar criminalmente e moralmente e repudiar criminalmente. Trocando em miúdos, a defesa afirma que irá apresentar os fatos que desaguaram no episódio das imagens levadas ao público. Eugênio Lourenço, porém, não quis antecipar que fatos são estes que serão apresentados na audiência criminal, mas assegurou que no momento certo esses fatos virão a público. Conforme afirmou, na fase do inquérito policial, esses fatos não foram trazidos no bojo do procedimento encaminhado ao Judiciário. Ele antecipou que são gravações e testemunhos que serão apresentados na instrução criminal.

“O fato houve, não é um fato incomum”, afiançou, dizendo que neste caso como em outros da mesma natureza devem ser apurados de forma devida para que haja a justa punição, quando for o caso. Mas, na sua avaliação, o que está havendo, no caso envolvendo o piloto Victor Junqueira “é uma autofagia, por achar que alguém que está num patamar social diferente, assume uma proporção de maior dimensão, enquanto aquele que está no bairro mais afastado não tem a mesma gravidade”, comparou.

Perícia

O advogado disse, ainda, que uma das primeiras coisas a serem feitas – ainda em relação ao processo – é a perícia do vídeo e, dentro dessa linha, deverão ser levantadas algumas circunstâncias, baseadas, também, em declarações que foram dadas por Luciana Sinzimbra que, conforme observou, tiveram pontos desencontrados como, por exemplo, a quantidade de agressões. Conforme assinalou, em determinadas entrevistas, a suposta vítima teria dito que tinha relacionamento de três anos e nesse espaço de tempo havia sido submetida “a agressões seguidas” e, em outras entrevistas, ainda de acordo com o advogado, a suposta vítima teria dito que aquela teria sido a primeira agressão.

“Então, ficou por esclarecer qual é a extensão disso”, argumentou Eugênio Lourenço e, na sua opinião, isso é muito relevante no processo. “Porque aquela agressão foi gravada. Como foi gravada? Porque aquele vídeo estava ali. Era para pegá-lo em flagrante? Ela sabia que ele [Victor] iria agredi-la? Se sabia, porque não comunicou à autoridade policial daquele fato? Porque ela não se precaveu? Se havia sido agredida há três anos, porque esperou tanto tempo, quase que se autoflagelando e colocando em risco, para esperar um momento oportuno para gravar uma agressão?”, questionou o advogado, ponderando que no dia da agressão, a câmera foi colocada em local estratégico.

Eugênio Lourenço finalizou a entrevista dizendo que há uma série de esclarecimentos a serem feitos para se chegar a uma decisão conclusiva, “antes de empurrar alguém à cova dos leões”.

O caso

No dia 14 de dezembro de 2018, o piloto de avião Victor Augusto do Amaral Junqueira, de 24 anos de idade, agrediu a namorada dele, a advogada Luciana Sinzimbra, de 26 anos, no apartamento dela, em Goiânia. Naquela ocasião, foi gravado um vídeo, que depois viralizou nas redes sociais e acabou gerando repercussão em todo o País, nos principais veículos de comunicação. Neste vídeo, Victor agride Luciana com socos, empurrões e puxões de cabelo, mesmo diante dos apelos feitos por ela para que ele parasse com aquelas agressões.

Em razão dos fatos, a Justiça determinou que Victor passasse a usar tornozeleira eletrônica e a vítima, Luciana Sinzimbra, o “botão do pânico”, para ser usado com o objetivo de denunciar a presença do acusado, fora do raio de alcance determinado.

No último dia 17/06, a juíza Liliana Bittencourt decretou a prisão de Victor, por ele descumprir as medidas protetivas que haviam sido impostas. A defesa de Victor Junqueira tenta um habeas corpus para que ele deixe a prisão e possa responder ao processo em liberdade.

Por: Cláudius Brito

Com:portalcontexto.com

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