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Oficina da OVG desperta criatividade em jovens
Em meio a lápis coloridos, a estudante Beatriz Oliveira Rocha, 14 anos, mostra orgulhosa a pasta com trabalhos que produziu no Centro de Convivência de Adolescentes (CCA), localizado no Jardim Novo Mundo. Ela frequenta a oficina de grafite oferecida na unidade da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). São flores, rostos, mandalas, letras estilizadas. Com o passar das páginas, nota-se a evolução dos desenhos. A oficina desperta a criatividade e talento dos participantes.
As aulas são ministradas de segunda a sexta-feira, nos períodos matutino e vespertino. Valtecy Ferreira, conhecido como Decy, ensina os adolescentes a desenvolver diversas técnicas para desenhar, pintar, manusear o spray. “Procuro deixá-los livres. Uns gostam de fazer rostos, outros preferem letras, flores. É uma verdadeira terapia, que ajuda a extravasarem energia e criatividade”, explica o professor que trabalha há mais de 20 anos com comunicação visual.
Beatriz está desde agosto de 2017 na oficina. Ela conta que sempre gostou de desenhar e começou a frequentar a atividade para aperfeiçoar seus trabalhos. “Venho duas vezes por semana e percebo que meus desenhos estão bem melhores. Gosto de fazer rostos, especialmente os olhos, mas também estou gostando de desenhar letras”.
A estudante afirma que a oficina ajuda a desenvolver talentos. “É uma ótima oportunidade que os jovens têm para aprimorar um dom. O professor dá dicas interessantes que ajudam bastante. Muitos poderão até seguir carreira artística no futuro”, acredita.
Lucas Ricardo Sousa, 15 anos, é um dos mais assíduos na oficina. Vai quase todos os dias da semana. Tímido, se concentra no desenho de seu nome, uma das produções que mais aprecia. Quando está desenhando ou pintando, diz que “esquece dos problemas”. Ele faz planos para o futuro: “Penso que pode ser uma opção profissional”.
Arte nos muros
DecyO grafite é uma manifestação artística que surgiu em Nova York, nos Estados Unidos, na década de 1970. Diferente da pichação, que é caracterizada pelo ato de escrever em muros, monumentos e vias públicas, o grafite expressa ideias e críticas sociais do artista e tem ganhado cada vez mais espaço nos muros das grandes cidades brasileiras.
Antes de trabalhar com grafite, Decy fazia apenas letreiros e painéis. Começou a desenvolver a arte há cerca de 7 anos, quando o filho adolescente demonstrou interesse pela atividade. “Fomos pesquisando técnicas na internet e começamos a fazer juntos. Hoje ele está com 21 anos e não trabalha com grafite. Mas o que era apenas um hobby para mim, se tornou um meio de trabalho. Faço telas, painéis para muitas empresas”, conta, ao acrescentar que os desenhos de rostos afrodescendentes são os seus preferidos.
Inclusão social e resgate familiar
Inaugurado em maio deste ano, o CCA Novo Mundo atende adolescentes de 12 a 17 anos. Além da oficina de grafite, são oferecidos aos jovens: biblioteca; salão de jogos, oficinas de inclusão digital, de material reciclável; aulas de basquete, vôlei, futebol, capoeira e dança.
A unidade promove ainda passeios e rodas de bate-papo com diversas temáticas de interesse deles, como: esporte, cultura, drogas, liberdade x responsabilidade, gravidez precoce.
Uma equipe composta por assistentes sociais e psicólogos realiza ações de acolhimento familiar com os adolescentes, pais ou responsáveis com o intuito de estreitar os vínculos afetivos. A coordenadora da unidade, Leidyanna Gomes, afirma que além do trabalho social e educativo, o CCA oferece oportunidades que muitos não tinham. “Alguns jovens nunca tinham ido a uma exposição de arte, ao cinema. E ver a alegria deles com esses passeios é gratificante”.