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A engajada Cate Blanchett presidirá o júri do Festival de Cannes

Os organizadores do Festival de Cannes, um dos mais tradicionais do mundo, prometem uma presidente engajada. A atriz australiana Cate Blanchett, ganhadora de dois Oscar e uma das estrelas de Hollywood mais empenhada na luta contra o assédio sexual, presidirá o júri da 71º edição (8 a 19 de maio).

Blanchett, de 48 anos, será a 12ª mulher a presidir o júri do Festival de Cannes, quatro anos depois da diretora neozelandesa Jane Campion. Ela sucederá o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que no ano passado liderou o júri que concedeu a Palma de Ouro ao sueco Ruben Ostlund por The Square.

Vou a Cannes há anos como atriz, como produtora, para as noites de gala e pelas sessões de competição, inclusive pelo mercado. Mas ainda não fui pelo mero prazer de aproveitar a abundância de filmes deste grande festival, reagiu a estrela em um comunicado.

Estamos muito felizes de acolher uma artista rara e singular cujo talento e convicções irrigam as telas de cinema e os palcos de teatro. Nossas conversas, neste outono, nos prometem que será uma presidente engajada, uma mulher apaixonada e uma espectadora generosa, afirmaram Pierre Lescure, presidente do Festival de Cannes, e Thierry Frémaux, delegado-geral.

Esta escolha, que parece lógica tanto do ponto de vista artístico como midiático, pode ser também interpretada como uma vontade do festival de apoiar o combate ao assédio sexual na profissão, depois do escândalo Weinstein estremecer a sétima arte.

Cate Blanchett foi uma das primeiras famosas a se posicionar publicamente contra o produtor Harvey Weinstein, acusado desde 5 de outubro de agressão sexual e estupro por mais de uma centena de mulheres.

Todas nós gostamos de nos vestir sexy, mas isso não quer dizer que queremos fazer sexo com você, disse Blanchett poucos dias depois, durante a cerimônia dos InStyle Awards em Los Angeles, dirigindo-se, sem nomeá-lo, ao homem que produziu vários de seus filmes, como O Aviador de Martin Scorsese.

– O tempo acabou –

Todo homem que se encontra em uma posição de autoridade ou de poder e pensa ter direito a assediar, ameaçar ou agredir sexualmente as mulheres que conhece ou com as quais trabalha deve prestar contas, disse também no programa de televisão Entertainment Tonight.

Nunca é fácil para uma mulher reconhecer ter estado em tais situações, e apoio de todo coração as que fizeram isso, acrescentou.

A atriz australiana acaba de lançar uma fundação, Times Up (O tempo acabou), junto com outras estrelas, como Natalie Portman e Meryl Streep, para ajudar as vítimas de assédio sexual.

Este projeto contará com um fundo destinado a financiar um apoio legal para as mulheres e os homens vítimas de assédio sexual no trabalho. A organização já arrecadou mais de 13 dos 15 milhões de dólares que havia fixado como meta.

Blanchett recebeu em 2005 o Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu papel como Katharine Hepburn em O Aviador, e em 2014 ganhou a estatueta na categoria de melhor atriz por Blue Jasmine, de Woody Allen.

Em 2007, o Festival de Veneza a reconheceu como melhor atriz por seu papel em Não Estou Lá, de Todd Haynes, no que interpretou um Bob Dylan andrógino.

Confortável tanto em filmes autorais – como Babel, de Alejandro González Iñárritu, A Vida Marinha com Steve Zissou, de Wes Anderson – quanto nas superproduções de Hollywood – a trilogia de O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, é um exemplo -, Blanchett trabalhou com alguns dos diretores mais importantes do cinema contemporâneo.

Prova de sua flexibilidade como atriz é que em breve aparecerá no elenco de Ocean’s 8, primeira entrega de uma saga de assaltantes, e protagonizará Where’d You Go Bernadette, a adaptação do romance de Maria Semple, escrita e dirigida por Richard Linklater.

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