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Potências têm muito a perder se acordo com Irã for rompido

Do ponto de vista econômico, as grandes potências que assinaram o acordo sobre o programa nuclear do Irã têm muito a perder se o pacto deixar de valer – além dos desafios geopolíticos e de segurança

Nesta sexta-feira, o presidente americano, Donald Trump, não certificou, mas tampouco abandonou o acordo nuclear. Embora ele não vá pedir o restabelecimento das sanções pelo Congresso, segundo o secretário de Estado Rex Tillerson, o mandatário alertou que a qualquer momento pode abandonar o pacto.

Um eventual rompimento poderia prejudicar os interesses de outros signatários – Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e China – e das empresas desses países.

O acordo de 2015 supõe um controle das atividades nucleares de Teerã em troca do fim das sanções internacionais que asfixiaram, durante uma década, a economia iraniana.

O tratado entrou em vigor em janeiro de 2016, permitindo a abertura de um mercado de 80 milhões de pessoas para as empresas europeias, chinesas, ou russas. Apesar de o clima empresarial continuar fraco e de diversos investidores temerem o Irã, importantes empresas fecharam contratos de grande porte.

– EUROPA:

Dos três países europeus que assinaram o acordo, França e Alemanha foram, até agora, os maiores beneficiários. A fabricante aeronáutica Airbus, por exemplo, assinou acordos para vender 100 aviões ao Irã.

Mas o acordo também abriu a porta para outros países, como a Itália.

– ALEMANHA –

Antes das sanções, a Alemanha era o principal sócio comercial do Irã, onde 30% da infraestrutura industrial é alemã.

As exportações alemãs para o Irã, assim que as sanções foram suspensas, aumentaram 26% em 2016, segundo a Federação Alemã da Indústria (BDI).

O grupo Siemens voltou ao Irã em março de 2016, associado ao iraniano Mapna. A Daimler assinou, em janeiro de 2016, protocolos de acordos com dois grupos iranianos para produzir e comercializar caminhões Mercedes-Benz.

As empresas que desde então retomaram relações comerciais com o Irã e também têm atividades nos Estados Unidos seriam extremamente desestabilizadas pela reintrodução de sanções, alertou o BDI.

– FRANÇA –

As trocaram aumentaram ainda mais significativamente na França, com alta de 235% em 2016, devido sobretudo à importação de petróleo.

A montadora PSA (Peugeot Citroen), que teve que deixar o Irã em 2012, voltou ao país em 2016 após dois acordos de parceria que preveem o investimento de 700 milhões de euros em cinco anos.

Por sua vez, a Renault, que ficou no país apesar das sanções e onde dispõe de uma capacidade de produção de 200.000 veículos por ano, assinou um acordo para produzir 300.000 unidades.

A petroleira Total foi o primeiro grupo petroleiro ocidental a voltar ao Irã. Ela assinou, no começo de julho, um acordo sobre gás de 4,8 bilhões de dólares, liderando um consórcio junto à chinesa CNPCI.

– ITÁLIA –

As trocas entre os dois países, que despencaram com as sanções, voltaram a crescer em 2016, chegando ao ponto em que a Itália foi, no primeiro trimestre de 2017, o primeiro parceiro comercial do Irã entre os países da União Europeia.

Em 2016, Roma e Teerã assinaram protocolos de novos acordos de turismo, energias renováveis e ferrovias.

– RÚSSIA:

Moscou e Teerã têm estreitas relações políticas e econômicas.

No setor nuclear, em abril do ano passado, a Rússia oficialmente terminou o projeto de construção do primeiro bloco da central Bushehr. O projeto Bushehr 2, que prevê a construção pela Rússia do segundo e do terceiro bloco, começou pouco depois.

Em março de 2017, RZD International, que faz parte da empresa ferroviária russa RZD, assinou um contrato de 1,4 bilhão de dólares com Irã para a eletrificação de um ramo ferroviário.

Em junho de 2016, o gigante do gás Gazprom assinou um acordo com a empresa iraniana NIOC para a exploração conjunta da jazida de gás iraniana Farzad.

– CHINA:

A China, importador de gás e petróleo, tem interesses econômicos importantes com o Irã, sexto produtor mundial de petróleo.

Em janeiro de 2016, durante a visita do presidente Xi Xinping ao Irã, os dois países assinaram um protocolo para a utilização pacífica da energia nuclear.

Em fevereiro, empresas chinesas iniciaram a construção de um trem bala de Teerã a Mashhad.

Em outubro de 2017, Arish Kordi, presidente executivo do grupo iraniano Tavanir, anunciou um acordo de cooperação com a China para renovar a infraestrutura eléctrica iraniana.

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