
Uma manifestação no fim da tarde desta terça-feira (14), na trincheira do entroncamento das BRs-153 e 414, na região do Recanto do Sol, reforçou a cobrança sobre a concessionária Ecovias do Araguaia. O Instituto Plataforma Verde Cerrado, responsável pelo ato, pede que a empresa dê celeridade na liberação do projeto de construção do novo viaduto que vai desafogar o trânsito no local.
Várias faixas com palavras de ordem foram afixadas no canteiro central. Todo o protesto foi acompanhado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Num primeiro momento, a ideia dos organizadores era obstruir a via por 15 minutos. Contudo, para evitar transtornos aos moradores, decidiu-se expor a indignação com o atraso na análise da concessionária com cartazes.
No material colocado no canteiro e às margens da rodovia, os manifestantes lembraram o quão importante é para a região a construção do novo acesso ao bairro. O papel dele para evitar mortes também foi lembrado.
“A desobstrução do trânsito é crucial para aliviar o tráfego, para preservar vidas e aprimorar a qualidade de vida dos usuários”, dizia uma das faixas, que ainda cobrava: “Ecovias do Araguaia, precisamos de agilidade.”
Responsável pela manifestação, o presidente do Instituto Plataforma Verde Cerrado, Valdivino Félix, que mora na região há 38 anos, ressaltou que, com o crescimento do Recanto do Sol e bairros adjacentes, o problema – que vem de décadas – tem se agravado. O tráfego cada vez pior tem resultado em uma rotina intensa de acidentes.
“O Instituto quer mostrar a necessidade de uma ampliação do acesso ao Recanto do Sol. É um bairro de mais de 60 mil pessoas. Temos observado ao longo dos anos como aumentaram os números de veículos e acidentes. Nossa iniciativa é para chamar atenção da Ecovias do Araguaia para que ela agilize a desobstrução do viaduto, que trará conforto e segurança, evitando que mais pessoas percam a vida. Aqui nesse trevo podemos dizer que é tragédia anunciada. Vale a pena pedirmos à Ecovias a agilidade nesse trabalho, o zelo pela vida”, disse.
O viaduto do Recanto do Sol não é apenas uma questão de qualidade de vida. Tornou-se também sobrevivência, de acordo com Félix. Ele conta que, nas quase quatro décadas que vive no bairro, viu cinco amigos morrerem em acidentes no único acesso à região.
“Foram quatro em acidentes de carro e um de moto. Já presenciei muitos acidentes. A cada dia temos mais veículos. São motoristas de caminhões, universitários e pessoas que precisam entrar e sair e só têm este trevo”, ressaltou.
População em alerta
De acordo com o organizador do ato, esta primeira manifestação é importante para engajar ainda mais apoiadores. Ele ressalta que o instituto vai monitorar o prosseguimento das discussões sobre o viaduto do Recanto do Sol e, se o prazo se delongar, os protestos podem até mudar de tom e culminar na paralisação da via.
“Vamos somar com o município. Vamos continuar cobrando da Ecovias com nossas faixas, mas, se for preciso, não titubearemos e utilizaremos tudo que a lei nos permite. Se for preciso, vamos entrar com uma medida de fechamento da pista. Não queremos de forma nenhuma atrasar ainda mais a vida de populares que precisam deste acesso, mas esse problema vem se arrastando e precisamos de uma definição”, ressaltou.
“O que a gente puder ganhar de tempo será precioso e proveitoso para salvar vidas. O trevo é uma tragédia anunciada e qualquer um pode ser o próximo a perder a vida. É salutar saber que há o envolvimento da Prefeitura com a Ecovias, mas precisamos de mais agilidade”, completou.
O vereador Domingos Paula (PV), presidente da Câmara Municipal, acompanhou a manifestação e também reforçou o tom de cobrança contra a Ecovias. “A cidade não aceita a decisão da Ecovias de travar por ainda mais tempo a construção do viaduto do Recanto do Sol. A manifestação é para informar a população que estamos atentos. É fundamental que haja essa manifestação pacífica e esperamos um resultado positivo. Tenho certeza de que a Ecovias vai atender essa demanda o mais rápido possível”, afirmou.
O parlamentar espera que, com o retorno do prefeito Roberto Naves (Republicanos), em missão à China, as tratativas vão avançar e as obras começarão em breve. “De hoje (terça-feira, 14) para amanhã o prefeito Roberto deve estar chegando à cidade e queremos, o mais breve possível, dar ordem de serviço para a construção”, frisou.
Imbróglio
Na última quarta-feira (7), o DM Anápolis mostrou que a Ecovias – depois de ter dado aval ao projeto executivo enviado pela Prefeitura – mudou o acordo e pediu mudanças na estrutura para contemplar uma terceira faixa. O problema é que tais alterações levariam a um atraso de cerca de quatro meses para o início das obras.
Dois dias depois, porém, uma força-tarefa conseguiu selar um acordo que vai evitar o prolongamento do prazo. Das novas exigências que a concessionária havia feito aos projetos apresentados pela Prefeitura, somente algumas serão mantidas, mas não prejudicam os prazos originais.
O próximo passo antes que os desvios necessários para as obras comecem a ser feitos é obter aval da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Para isso, é aguardado o retorno do prefeito Roberto Naves. A ideia é dar ordem de serviço para a estrutura ainda este ano.