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Em Anápolis, violência contra o idoso aumenta 39% durante a quarentena

Rebeca Romero

Entre abril e maio de 2019, foram 417 denúncias de violência contra a pessoa idosa registradas em Anápolis. Muito, não é mesmo? Mas, a realidade em 2020 é ainda pior. Isso porque, neste ano, 580 queixas foram feitas na Delegacia do Idoso, o que representa um aumento de 39% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Em todo Brasil, a violência contra o idoso também apresentou um crescimento significativo durante o isolamento social. Segundo a Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI), os casos passaram de 3 mil (março), para 17 mil (maio), em apenas três meses neste ano.

Essas estatísticas revelam que, se por um lado a quarentena preserva a saúde do maior grupo de risco, também aumenta a exposição deles aos familiares. E, de acordo com Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 2019, parentes próximos — filhos, netos, genros, noras ou sobrinhos — foram responsáveis por 83% das agressões ou abusos.

Pode não parecer, mas infelizmente é muito mais comum do que se imagina. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda apontam que um em cada seis idosos são vítimas de violência, que vai desde abandono, negligência, abusos físicos, sexuais, psicológicos, financeiros e materiais.

Para evitar que os casos continuem aumentando, não podemos virar as costas para o problema e fingir que ele não existe. Assim como no combate à violência contra a mulher, vizinhos, familiares e conhecidos devem denunciar sempre que perceberem tal situação.  Basta ligar no Disque 100, no 190 ou na Delegacia do Idoso pelo telefone (62) 3328-2736.

Mas, pensando a longo prazo, além do trabalho da Polícia Civil e Militar, nossos representantes precisam discutir e promover mais políticas públicas voltadas para o acolhimento de vítimas, e que ajudem a prevenir e conter esses crimes.

Dar suporte, seja financeiro ou de suprimentos, para instituições sem fins lucrativos que cuidam de idosos; garantir acompanhamento regular das vítimas com psicólogo ou assistente social; além de oferecer saúde para o bem-estar da terceira idade, é apenas o início do debate. Por fim, nós como sociedade devemos voltar nossos olhos para essa realidade e cobrar daqueles que nos representam essas ações concretas para conter tal estática. Afinal de contas, o envelhecimento saudável (físico e mental) diz respeito ao futuro e um direito de todos.

Rebeca Romero-Jornalista

 

 

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