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Chuvas intensas aumentam alerta para dengue, zika e chikungunya no Brasil

Diagnóstico precoce e medidas preventivas auxiliam na redução dos riscos

Com a intensificação das chuvas no final do ano, o Brasil entra novamente no período de maior proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. A combinação de umidade, altas temperaturas e acúmulo de água cria condições favoráveis para que o mosquito se multiplique, reforçando a necessidade de atenção redobrada da população e dos serviços de saúde.

Segundo o último Informe Semanal do Ministério da Saúde, até a semana epidemiológica 23 de 2025 foram registrados 1.478.752 casos prováveis de dengue, 102.259 casos de chikungunya e 3.601 casos prováveis de zika no país. Embora os números indiquem queda em comparação ao mesmo período de 2024, o cenário exige vigilância contínua, especialmente com a chegada do verão e das chuvas mais intensas. A circulação dos quatro sorotipos do vírus da dengue, com predominância do DENV-2, é um alerta. Se a pessoa já teve a doença pelo DENV-2, fica protegida deste sorotipo. No entanto, tem risco de desenvolver as formas mais graves da dengue caso seja infectada por algum dos outros sorotipos.

Prevenção

A eliminação de focos do mosquito continua sendo uma estratégia fundamental para conter a transmissão das arboviroses. Reservatórios destampados, calhas entupidas, caixas-d’água sem vedação e acúmulo de água parada em áreas externas permanecem como os principais pontos críticos.

A médica Sylvia Freire, do Sabin Diagnóstico e Saúde, destaca que o período chuvoso propicia a presença de criadouros dentro das próprias casas. “As pessoas costumam associar os riscos apenas às áreas externas, mas grande parte dos focos está no ambiente doméstico. Uma pequena poça esquecida pode favorecer o ciclo reprodutivo do mosquito. O cuidado precisa ser constante, e não é preciso esperar que ocorra aumento do número de casos para intensificar os cuidados”, afirma Sylvia.

Ela reforça ainda que o comportamento do Aedes é adaptável. “O mosquito pode se reproduzir em volumes mínimos de água. A melhor forma de interromper esse ciclo é eliminar qualquer superfície onde a água possa se acumular, por menor que seja”, explica.

Diagnóstico precoce

A busca por atendimento diante dos sintomas, segundo a especialista, é importante para que o paciente possa ser orientado quanto ao manejo adequado para o seu caso. Febre, dores no corpo, dor atrás dos olhos, náuseas e sensação de cansaço são sintomas comuns. Seguir as recomendações médicas e vigiar sinais de alerta ajuda a reduzir o risco de agravamento do quadro.

“Os quadros iniciais das arboviroses podem ser muito parecidos entre si, mas cada uma delas tem características e desdobramentos diferentes. O diagnóstico correto orienta a conduta e evita complicações”, explica a médica.

No Sabin, diferentes exames estão disponíveis para identificação das arboviroses. Entre eles, o teste rápido NS1, que detecta a dengue nos primeiros dias de sintomas, e o Teste de detecção molecular dos vírus Dengue, Zika e Chikungunya, capaz de pesquisar simultaneamente os três vírus com alta precisão, sendo indicado também para diagnóstico diferencial.

Sylvia reforça que a testagem adequada colabora para melhores desfechos. “Quando diagnosticamos cedo, conseguimos acompanhar melhor a evolução do paciente e orientar medidas de cuidado que fazem diferença no desfecho clínico. Informação e vigilância são pilares na proteção da população”, completa.

VACINAÇÃO

Além da eliminação de criadouros do Aedes aegypti, a vacinação também integra as ações de prevenção. “Mesmo pessoas que já tiveram a infecção são elegíveis para a vacinação, uma vez que a dengue pode ser causada por quatro sorotipos distintos do vírus e que a infecção por um deles não oferece imunidade duradoura contra os outros”, explica a infectologista pediátrica.

O imunizante Qdenga, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2023, é indicado, e está disponível no Sabin, para pessoas a partir de 4 até 60 anos, com esquema de duas doses com intervalo de três meses. O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou recentemente a vacina nacional do Instituto Butantan, após aprovação da Anvisa – de dose única, que começará a ser aplicada a partir de 2026, para públicos específicos.

“A prevenção da doença ocorre não só por meio da vigilância de possíveis focos do mosquito, mas também da imunização do público elegível, entre outras estratégias. A vacinação é capaz de reduzir o risco de novas infecções e principalmente evitar hospitalizações e desfechos graves”, afirma Sylvia Freire.

A especialista também menciona uma outra estratégia de prevenção desenvolvida, o Método Wolbachia, tecnologia que utiliza a bactéria Wolbachia, inofensiva para humanos. Essa bactéria é capaz de reduzir a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya quando presente no mosquito. “Mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia são liberados no ambiente e, ao se reproduzirem com os mosquitos locais, estabelecem uma população que não permite o desenvolvimento dos vírus, criando um efeito contínuo e de longo prazo no controle das arboviroses”, explica. A estratégia, já implementada com resultados expressivos em cidades como Niterói e Rio de Janeiro, segue em expansão pelo país.

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