Um estudo realizado pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) alertou para o risco da exposição ao benzeno em postos revendedores de combustíveis. A pasta realizou um levantamento neste ano, entre agosto e novembro, em 53 postos de Goiânia e encontrou uma série de inconformidades.
De acordo com a SES-GO, esta substância é tóxica e cancerígena e pode afetar não somente o meio ambiente, mas também moradores de imóveis vizinhos às empresas. O tema foi, inclusive, tratado numa audiência pública promovida pela secretaria em parceria com o Ministério Público do Trabalho de Goiás (MPT-GO), na última semana.
Na ocasião, foram debatidos os riscos do benzeno à saúde dos trabalhadores dos postos revendedores de combustíveis. Vale ressaltar que esta substância é altamente presente em petróleo e derivados.
Na audiência, foi apresentado o resultado do projeto de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador das Populações Expostas ao Benzeno no Estado de Goiás, desenvolvido na Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa).
Entre os problemas encontrados no resultado do projeto Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador das Populações Expostas ao Benzeno no Estado de Goiás, está o fato de que 49% dos estabelecimentos não usavam bico de proteção nas bombas contra respingos.
Outros 38% não tinham local adequado para o armazenamento de amostras de combustíveis coletadas. Em entrevista com 177 trabalhadores, foi identificado também que 5% deles não sabiam sobre os riscos do benzeno, e outros 10% não receberam nenhum tipo de treinamento em saúde ocupacional. E ainda 78% dos frentistas alegaram fazer, além do abastecimento automático, também o manual, proibido pela legislação por aumentar a exposição ao componente químico.
Como riscos ao meio ambiente, o trabalho identificou descarte inapropriado de resíduos, como flanelas (36%), areia contaminada (47%), óleo lubrificante usado (23%), dentre outros itens, pelos postos de combustíveis. Além dos próprios funcionários, as inconformidades encontradas colocam em risco ainda mais de 500 imóveis (residenciais e comerciais) que ficam na vizinhança dos estabelecimentos visitados.
O estudo, iniciado em 2019, foi paralisado por causa da pandemia de Covid-19 e retornou este ano com a atualização dos dados. “Comparando os resultados de 2019 com os de 2023, observamos uma manutenção dos padrões encontrados na época. Ou seja, mesmo no pós-pandemia não houve piora, mas há necessidade de melhora, para garantir a saúde da população”, explicou a superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim.
Ela lembrou os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos na pasta para evitar o adoecimento da população. “Nós temos como objetivo trabalhar em conjunto para, diante de um problema levantado, desenvolver políticas que sejam promotoras de saúde, preventivas de doenças, para que a gente tenha esses trabalhadores, assim como toda a população, com mais qualidade de vida e mais saúde”, pontuou, ao anunciar a ampliação do projeto.
“Numa reunião com a equipe técnica, a gente definiu que, de acordo com os resultados apresentados e com as discussões feitas, o projeto Benzeno passará para programa estadual. Para isso a gente precisa, com certeza, da colaboração de todos”, reforçou a superintendente.